Estamos complexificando tanto nossos pensamentos que acabamos nos esquecendo
de pensar simples; compartilhamos o desejo de ser abraçados mas não abraçamos;
falamos sobre o amor mas não amamos; julgamos – e isolamos – dependentes químicos
mas não largamos nossos vícios tecnológicos. Intoxicados? Talvez... “Evoluímos”
tanto que mudamos o conceito de “hipocrisia” para não nos encaixarmos nele.
Chegamos a um estágio tão superficial de vida que preferimos
gastar muita grana pra começar um “romance” a milhas e milhas de distância,
geralmente iniciadas pela internet, do que olhar para o lado. Nossos atalhos
têm aumentado a distância.
“Ah, mas é por amor”, você
diz. “Tenho minhas dúvidas”, eu respondo. Pessoas distantes só oferecem palavras
– ou qualquer virtualidade¹ –, e palavras podem parecer perfeitas e serem
manipuladas; sem demonstrar medos, inseguranças, ou defeitos. Um prato cheio
para alimentar fantasias, ao menos por um tempo.
“Qual o problema da fantasia?”, você pergunta. “Nenhum”, eu
respondo, “até ela ser confrontada com a realidade”. No mundo real as pessoas choram,
são cheias de medos e defeitos. São dotadas de características que jamais
mostrariam se pudessem esconder – ou manipular.
Não se beija com palavras. Não se ama sem defeitos. Não se
acaricia com promessas. Não se vive de fantasias. E não se abraça com distância
– mesmo que essa distância seja de apenas 2 metros, enquanto os olhos que
deviam estar fitados em outros olhos estão direcionados a um maldito celular!
(apenas um exemplo)
Se você gosta, não adicione na rede social, diga a ela (e).
Se quer um abraço, não exponha na internet, apenas abrace.
Se quer um beijo, não peça, converse, demonstre, tente, roube – o beijo,
claro.
Se quer amar, não diga o que pensa sobre amor, demonstre, sofra e
resista.
Que a tecnologia seja escrava do homem, e não o contrário. Não se
desumanize – ou não se robotize! Não se esconda atrás das coisas. Mostre-se
para a vida!
1 Virtualidade – aquilo que é feito ou >> simulado <<
através de meios eletrônicos.
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