sábado, 16 de agosto de 2014

Desumanização?

Estamos complexificando tanto nossos pensamentos que acabamos nos esquecendo de pensar simples; compartilhamos o desejo de ser abraçados mas não abraçamos; falamos sobre o amor mas não amamos; julgamos – e isolamos – dependentes químicos mas não largamos nossos vícios tecnológicos. Intoxicados? Talvez... “Evoluímos” tanto que mudamos o conceito de “hipocrisia” para não nos encaixarmos nele.
Chegamos a um estágio tão superficial de vida que preferimos gastar muita grana pra começar um “romance” a milhas e milhas de distância, geralmente iniciadas pela internet, do que olhar para o lado. Nossos atalhos têm aumentado a distância.
 “Ah, mas é por amor”, você diz. “Tenho minhas dúvidas”, eu respondo. Pessoas distantes só oferecem palavras – ou qualquer virtualidade¹ –, e palavras podem parecer perfeitas e serem manipuladas; sem demonstrar medos, inseguranças, ou defeitos. Um prato cheio para alimentar fantasias, ao menos por um tempo.
“Qual o problema da fantasia?”, você pergunta. “Nenhum”, eu respondo, “até ela ser confrontada com a realidade”. No mundo real as pessoas choram, são cheias de medos e defeitos. São dotadas de características que jamais mostrariam se pudessem esconder – ou manipular.
Não se beija com palavras. Não se ama sem defeitos. Não se acaricia com promessas. Não se vive de fantasias. E não se abraça com distância – mesmo que essa distância seja de apenas 2 metros, enquanto os olhos que deviam estar fitados em outros olhos estão direcionados a um maldito celular! (apenas um exemplo)
Se você gosta, não adicione na rede social, diga a ela (e).
Se quer um abraço, não exponha na internet, apenas abrace.
Se quer um beijo, não peça, converse, demonstre, tente, roube – o beijo, claro.
Se quer amar, não diga o que pensa sobre amor, demonstre, sofra e resista.
Que a tecnologia seja escrava do homem, e não o contrário. Não se desumanize – ou não se robotize! Não se esconda atrás das coisas. Mostre-se para a vida!

1 Virtualidade – aquilo que é feito ou >> simulado << através de meios eletrônicos.

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