A maioria das pessoas – senão todas –
passam por este tipo de problema e criam em si a necessidade de se sentir útil
disfuncionalmente. Algumas por pouco tempo e não tão profundo, outras não. O
amadurecimento e a cosmovisão cultural em relação a isso exige de nós mudanças
drásticas e se não conseguirmos fazer como tal, sentimo-nos inútil. Portanto, é
necessário entender que os padrões não são estabelecidos por seres perfeitos,
mas por uma sociedade desprovida de valores que chamamos de felicidade e satisfação.
Uma das coisas pela qual o ser humano busca é reconhecimento, e infelizmente
muitos modelam suas atitudes e modo de vida buscando conseguir este ato alheio.
É nesse ponto que começa o complexo de inutilidade.
De fato, a inutilidade está entre as piores
sensações que existe, desde a infância. Porém, torna-se mais evidente na
transição entre adolescência e fase adulta. E pode aprofundar-se devido nossa
falta de conscientização e a fácil manipulação do sistema em si. Eis alguns
sintomas: pensar que não faz diferença alguma, ter a necessidade de ser notado,
comparar sua vida com a de outros, se importar demais com o que pensam ou dizem
e buscar aprovação, não conseguir a mudança almejada, não conseguir resolver
situações, não seguir o mesmo ritmo de outras pessoas da mesma sociedade,
estresse e ansiedade. Tais fatores têm o poder de gerar a patologia que chamo
de “complexo de inutilidade”, que consequentemente, gera um desequilíbrio
emocional e psíquico. O indivíduo afetado por tal doença não consegue enxergar muitas
coisas simples e boas da vida e tem a necessidade de estar sempre em ação, vive
como uma máquina e não como ser humano. Este, se não for curado, jamais
entenderá o que é deitar em uma rede ao ar livre de uma tarde de sábado, lendo
um belo livro de poesias ou apenas meditando nos bons momentos da vida. Afinal,
para tal, este ato aguça seu pensamento de inutilidade.
Trabalhar, produzir e se sentir útil
é realmente importante, porém, se não descansar é aí que se sentirá inútil de
verdade. Afinal, as pessoas que sofrem dessa patologia não buscam entender o
valor do descanso, talvez nem sequer tenha horário para isso em sua agenda.
Segundo o cristianismo, até Deus descansou, mesmo sem precisar, apenas para dar
exemplo. Isso demonstra uma enorme necessidade.
“Se não ensinardes a tua alma a
necessidade e o valor do descanso, quando ela se cansar não tardará em lhe
fazer sentir-se inútil.”